domingo, 31 de maio de 2009

VIVER NO ESTRANGEIRO AUMENTA A CRIATIVIDADE?

Parece que sim, de acordo com um estudo que envolveu centenas de estudantes e que foi publicado no Journal of Personality and Social Psychology.
O estudo vem referido no Ecomomist (uma excelente revista, aliás) e refere a correlação entre viver, ou ter vivido, no estrangeiro e a criatividade das pessoas e as suas competências relacionais. Parece, no entanto, que viajar não chega. É preciso viver mesmo fora. O estudo não envolveu estudantes portugueses, para quem suspeito que a correlação seria ainda maior. Este santa terrinha nunca foi chão que desse muitas uvas. É tudo muito tacanho e pequenino.
Interessante, não?

Clara Pracana
Nota: os meus posts neste blog, como em outros, são da minha inteira
responsabilidade, e não obrigam mais ninguém.

5 comentários:

Alexandre Gonçalves disse...

Pergunto-me se é a vida no estrangeiro que promove o aumento da criatividade ou será apenas a exposição a novas circunstâncias?

Pessoalmente, parece-me mais plausível que é o confronto que o emigrante sofre com sociedade alheia que o leva a promover essa mudança de perspectiva. Presume-se, de forma grosseira, que um qualquer português vivendo em Portugal consiga também melhorar a sua criatividade, fazendo apenas um esforço para se expor a novas realidades.

Mas isso será certamente igual a um qualquer inglês ou francês que venha viver para Portugal. Parece-me que será da necessidade de adaptação e não da apreciação pela cultura do país em questão que leva a estas melhorias.

Alexandre Gonçalves

AP disse...

Alexandre,
Concordo consigo. Bem vistas as coisas, a "pulsão para creatividade" está dentro de nós, assim a gente consiga ultrapassar os bloqueios mais neuróticos - ou pior.
No limite, até... hum, estava a lembrar-me daquele magnífico livro do Joseph Conrad, The Heart of Darkness, o tal em que o F. Coppola se inspirou para fazer o Apocalypse Now. Não se imaginam piores circunstâncias. E li há dias um artigo sobre uma senhora chamada Etty Hillesum que escreveu no campo de concentração, onde morreu.
Clara

AP disse...

Peço desculpa por ter aparecido como AP e não com o meu nome, mas não devo estar a clicar nalguma coisa. Mas a autora sou eu mesmimha, Clara Pracana

Alexandre Gonçalves disse...

A escrita de Etty Hillesum é inspiradora precisamente porque perante as mais desesperantes circunstâncias conseguia manter uma perspectiva positiva no extremo. Mesmo na sua última carta, escrita em papel com um pedaço de carvão, atirada da janela do comboio de refugiados de um campo de concentração, a caminho do campo de concentração de Auschwitz, ela conseguia manter-se livre e profundamente inspirada.

Se calhar na altura chamavam-lhe louca. Hoje, chamam-lhe mística. Pergunto-me o que será daqui a mais uma década ou duas.

Alexandre Gonçalves

Ma-nao disse...

Questiono-me:
Não será que são as pessoas à partida mais criativas e despertas a novas realidades que têm maior tendência do que as outras a mudar de país? Daí, serem mais criativas e despertas para novas realidades do que aquelas que nunca o fizeram... porque já o eram?
O estudo científico levou esta questão em consideração? Analisou um grupo genérico de pessoas jovens e depois seguiu-as ao longo de décadas (para lhes dar tempo a irem viver para o estrangeiro e voltarem), para constatar que as que tinham estado fora eram mais criativas, independentemente da sua personalidade inicial?...